O sistema nervoso central (SNC) é formado pelo cérebro e pela medula espinhal. Mas cerca de 88% dos tumores de SNC são no cérebro. Para entender um pouco mais sobre esse tipo de tumor, é necessário saber a diferença entre os tumores que iniciam no cérebro (os chamados tumores cerebrais primários) e os tumores que começam em outros órgãos e se disseminam para o cérebro (conhecidos como tumores metastáticos). Os tumores cerebrais primários são menos comuns e muito diferentes dos tumores metastáticos. Isso acontece pois os tumores metastáticos mantêm as características do local primário em que o câncer ocorreu. Por exemplo, um câncer de mama com metástase no cérebro será tratado como câncer de mama. Já os tumores cerebrais primários iniciam nas células ou tecidos do cérebro ou da medula espinhal e, por isso, possuem características diferentes e recebem tratamento para câncer cerebral. ⠀

Os tumores cerebrais recebem diferentes denominações, a fim de classificá-los em tipos:

Gliomas: Os tumores que iniciam nas células gliais (células do sistema nervoso central que proporcionam suporte e nutrição aos neurônios) são chamados de gliomas. Vários tumores são considerados gliomas, como o astrocitoma (que inclui glioblastoma), oligodendrogliomas e ependimomas.

Astrocitomas: Se desenvolvem a partir de células denominadas astrócitos (célula da glia de formato estrelado, com funções como sustentação, controle da composição iônica e molecular do local, transferência de substâncias para os neurônios, resposta a sinais químicos…). Os astrocitomas são capazes de disseminar-se por todo o cérebro, misturando-se com o tecido normal do órgão. Outras vezes, eles se espalham pelas estruturas que são envolvidas por líquido cefalorraquidiano, mas é bem raro sua disseminação fora do cérebro ou da medula espinhal.

Oligodendrogliomas: Iniciam nos oligodendrócitos (células que produzem a bainha de mielina em neurônios presentes no sistema nervoso central, funcionando como um isolante elétrico). Tem crescimento lento e, às vezes, se espalham ao longo das vias do líquido cefalorraquidiano (mas raramente fora do cérebro ou da medula espinhal).

Ependinomas: Começam nas células ependimais (revestem os ventrículos do cérebro e a medula espinhal). Deferentemente dos outros gliomas, os ependimomas não costumam disseminar-se em tecido cerebral normal.

Meningiomas: São tumores que iniciam nas meninges (camadas de tecido que envolvem a parte externa do cérebro e da medula espinhal) e correspondem ao tipo mais comum de câncer cerebral, em adultos.

Meduloblastomas: Se desenvolvem a partir das células neuroectodérmicas (células primitivas de células nervosas) localizadas do cerebelo (que é a parte cerebral responsável pela manutenção do equilíbrio, controle do tônus muscular, dos movimentos voluntários e da aprendizagem motora). Esse tipo de tumor tem como característica o crescimento rápido em que podem disseminar-se pelas vias do líquido cefalorraquidiano. É um tumor que atinge mais frequentemente as crianças do que os adultos.

Gangliogliomas: É um tumor contendo neurônios e células gliais que é pouco frequente em adultos.

Schwannomas (Neurilemomas): Se desenvolvem a partir das células de Schwann (que são parte da bainha de mielina dos neurônios, no sistema nervoso periférico, e atua como isolante elétrico para a propagação rápida dos impulsos dos neurônios). Quando os schwannomas se formam a partir do nervo cranial (que é responsável pelo equilíbrio) são chamados de schwannomas vestibulares ou neuromas acústicos. Outras vezes, podem iniciar nos nervos espinhais fora da medula espinhal. Nessa situação, o tumor pode pressionar a medula espinhal, ocasionando sintomas como fraqueza, perda sensorial e problemas de intestino e da bexiga.

Craniofaringiomas: São tumores de crescimento lento, que se desenvolvem acima da glândula pituitária (também chamada de hipófise, está localizada na base do crânio e tem várias funções no organismo, como: crescimento, metabolismo e produção de corticoides naturais). Esses tumores ocorrem mais frequentemente em crianças, mas podem ocorrer em adultos. Esse tipo de tumor pode comprimir a glândula pituitária e o hipotálamo, causando problemas hormonais. Além disso, porque eles começam muito perto dos nervos ópticos, podem causar problemas de visão.

Outros tumores que também podem começar no cérebro: Cordomas, Linfomas Não Hodgkin, Tumores Pituitários

Cordomas: São tumores raros. Iniciam no osso da base do crânio ou na extremidade inferior da coluna vertebral. Não iniciam no sistema nervoso central, entretanto podem pressionar as estruturas vizinhas durante o crescimento, prejudicado a área.

Linfomas Não Hodgkin: Linfomas são tumores que iniciam nas células brancas do sangue (os linfócitos). A maioria dos linfomas ocorre em outras partes do corpo, mas às vezes, podem começar no cérebro, sendo denominados de linfomas cerebrais.

Tumores Pituitários: São tumores que atingem a glândula pituitária (hipófise). Na maioria das vezes, são considerados benignos. Entretanto, podem ocasionar problemas se comprimirem outras áreas ou iniciarem com a produção de grandes quantidades hormonais.

Fatores de risco para os tumores cerebrais

As causas que aumentam o risco de uma pessoa desenvolver tumores cerebrais ainda são alvo de estudos de muitos pesquisadores. Até o momento, considera-se que esse tipo de câncer é multifatorial (causado pelo somatório de vários motivos).

Os fatores que conhecidamente aumentam o risco, são:

  • Exposição à radiação ionizante
  • Doenças do sistema imunológico

Fatores de risco com efeitos incertos, controversos ou não comprovados:

A exposição ao cloreto de vinilo, arsênico, mercúrio, chumbo, produtos derivados do petróleo e outros produtos químicos, foram associados a um risco aumentado em algumas pesquisas. Porém, novos estudos estão sendo realizados antes de vincular essa exposição como um fator de risco. Da mesma forma, a exposição ao aspartame, a campos eletromagnéticos de linhas de alta tensão e transformadores, e a infecção por certos vírus podem ser possíveis fatores de risco, mas não há evidências suficientes para associar esses fatores aos tumores cerebrais.

Além disso, com o aumento do uso do telefone celular, existe uma discussão se esse equipamento poderia ser um fator de risco para tumores cerebrais. Essa dúvida ocorre uma vez que os celulares emitem radiofrequência. O objetivo dos estudos é identificar se a radiação emitida seria capaz de desencadear um tumor cerebral, entretanto, até o momento, nenhuma evidência convincente foi encontrada.

Sinais e sintomas dos tumores cerebrais

Em vista que, até o momento, não existem métodos definidos para prevenir os tumores cerebrais, é importante manter-se atento aos sintomas deste tipo de câncer. Estes sintomas podem ocorrer de forma gradual e piorar com o tempo, ou ocorrer repentinamente. ⠀⠀
O desenvolvimento de um tumor cerebral pode ser responsável pelo aumento da pressão intracraniana (a pressão que existe dentro do crânio), que pode ocasionar sintomas como:⠀

Dor de cabeça: A dor de cabeça suspeita, geralmente, é diferente das dores de cabeça que a pessoa já sentiu em algum momento da vida. Costuma ter alterações do tipo da dor, piorar em intensidade, ou ser de localização fixa (em um mesmo local da cabeça).⠀⠀⠀

Alterações de funções: Como perda de equilíbrio, perda ou mudanças em funções como a visão ou audição, alterações da fala, alterações de personalidade ou mudanças de comportamento.⠀⠀⠀

Convulsões: Apresentação de crise convulsiva pela primeira vez não tendo diagnóstico de epilepsia.⠀⠀

Fonte: American Cancer Society e Instituto Nacional do Câncer